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2008 Resposta II
Palacio das Artes - Belo Horizonte - MG
Susana Bastos
Roberto Belline
Rodrigo Borges
Juliana Freire
Texto André Brasil

- A resposta é o avesso da pergunta?
- Acho que não. A resposta é uma nova pergunta.

 

Ela é o que permite à pergunta sair de si mesma e se tornar outra pergunta.


- A pergunta é o desejo do pensamento

(Blanchot).


- A resposta, um prazer momentâneo, que não esgota esse desejo.

Ela é uma fissura do pensamento.
 

- Em uma conversa perguntas vêm travestidas de respostas

e respostas se tornam perguntas.


- Uma conversa cria menos

discursos do que espaços comuns.

- Como conversar sem as palavras?


- Esta é uma conversa tão precisa, tão clara, que bastaria mostrar uma imagem,

um objeto, e a resposta seria outro objeto, outra imagem. Nenhuma palavra,

nenhuma interpretação, nenhum mal entendido. Apenas o que é, o que se expõe.


- Mas, um objeto e uma imagem são sempre já outra coisa.            

- Sempre uma possibilidade.

- Como um objeto pode responder ao outro?


- Não são argumentos,

como no caso das palavras.


- Claro. Mas, então, o quê?


- O contato. Um objeto se expõe ao outro e, ao se expor, cria uma relação.


- Na verdade, os objetos não existem antes.

Eles surgem na relação.

- O que se pergunta e

se responde aqui?

- As obras são corpos desmembrados, elas parecem ter vida própria: seres de ar, fantasmas feitos de som, pernas sem dorso...


- ... escadas fora dos degraus...


- ...teias coloridas que embrulham os objetos.


- A pedra, o fogo.


- O fogo estabelece uma classificação: primeiro, todas as chamas se encaminham em uma direção...


(Só se pode comparar a andadura do fogo à dos animais: é preciso que desocupe este lugar para ocupar aquele outro; caminha a um só tempo como ameba e como girafa, o pescoço à frente, os pés rampantes)...


Depois, ao passo que as massas metodicamente contaminadas se aniquilam, os gases liberados vão-se transformando numa só rampa de borboletas.” (Francis Ponge)


- Expostas umas às outras, as obras criam menos um diálogo do que uma erótica.

Texto André Brasil

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