paã _ arquitetura performance
ARQUITETURA PERFORMANCE _ Paã
surge como um espaço cultural temporário, diálogo entre o corpo artista, público e o corpo arquitetônico. Monumento (corpo-casa) rachado, abalado e desgastado, uma parede ou uma ideia civilizatória que se desfez no tempo... que no interlúdio entre o abandono e o reencontro de função, é palco de imaginação. O encantamento do convívio com uma edificação erguida tão elegantemente na paisagem, que sete décadas de transformações e obsolescência não a condenaram.
A corporificação da casa e a coexistência artística em seu suspenso colapso, como massa de modelagem metáfora deste tempo histórico pandêmico e pós-pandêmico. Coexistir com a crise ambiental, social, cultural e econômica em escala doméstica. Pensar nas contradições do Modernismo vivendo em seu bairro protótipo, sem o reconhecimento dos vizinhos, como um corpo estranho. As ruínas de múltiplas decadências ou utopias como material físico e simbólico para a reconstrução ou recombinação de teorias e bases. O lugar de pertencimento em trânsito como atributo nas negociações e relações. Observar, usufruir e questionar os restos de algo que foi bom, para poucos. O entrelaçamento com os cacos do que se denominou progresso, na maior cidade do Sul Global. A naturalização do perder (direitos, liberdade, coletividade), mas no duro esforço de não apagar os rastros para quem sabe, um resgate futuro. Da mesma forma que encontramos esta casa e sua memória quase centenária nos acolheu e abrigou, talvez alguém no final do séc XXI encontrará este bilhete engarrafado e arremessado ao mar do acaso, que são as obras de arte produzidas no hiato desta ocupação.
'Arquitetura performance' é um campo de pesquisa expandido do ateliê Ativismo Cósmico, em parceria com Christophe Van Hamme, especialista em arquitetura em escala humana, restauro e retrofit. Como artista, trago a experiência do olhar sobre a materialidade e sobre a potência inata dos objetos, reaproveitando todo o possível. Como ex-galerista, foram 11 anos no exercício de curadoria, expografia e na busca, reforma e transformação de imóveis em espaços culturais. Christophe trouxe expertise e estrutura à paixão por imóveis raros com potencial cultural. Começamos no Pacaembu, tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT); e agora em Goiás Velho, Go, cidade tombada como patrimônio histórico e urbanístico da Humanidade pela Unesco.
No Pacaembu, transformamos uma casa modernista dos anos 50, desenhada pelo engenheiro arquiteto José Roberto Salvattore em 1953 em um campo performático, estúdio de fotografia e espaço para mostras de arte contemporânea independentes, não comerciais. Durante quase três anos, vivenciamos esta residência artística aberta, entre reparos e ajustes. O labor da manutenção cotidiana, entulho, telhado e o resgate do jardim e piscina.
Entramos na casa com mofo, peças quebradas, emperradas, goteiras e frio em 2021. Em contrapartida, tínhamos o privilégio de desfrutar da imensa sala com uma das vistas mais deslumbrantes do icônico bairro. Os objetos como personagens, narradores. A espinha vertebral que une os 3 andares é uma escada que abre como uma fibonacci para o salão principal. Além do estado de conservação e habitabilidade vulneráveis, foi necessário ser perseverante e gentil com os bichos e fantasmas que já estavam na casa, muito antes de nossa chegada. Aviva Weistein, a fascinante antiga proprietária foi a grande anfitriã interdimensional. Investigar sua arqueologia pessoal e compartilhar com os visitantes, já amalgamada com o desconforto de nossa própria estadia, foi um grande laboratório de identidades.
Convidamos os arquitetos da Play Arquitetura para imaginar conosco a reforma e reativação cultural da casa como uma única performance, as interferências no espaço como uma obra de arte total. A soma de todas as ações em sintropia – pesquisa e aprofundamento dos valores inatos alteráveis ou não alteráveis. O canteiro de obra como experimentação, frente ampla de co-criação entre diferentes profissionais e áreas do conhecimento. Como não chegamos a finalizar a reforma desta casa, os desenhos do arquiteto Marcelo Alvarenga, as 10 exposições, as 2 residências artísticas, as exibições de filmes, as performances, as giras de umbanda e algumas festas formam o conjunto de acontecimentos que acrescentamos às camadas de memória da casa. Em 2024, nos despedimos da romã que havia no grande jardim aberto à rua e fomos magnetizados para o outro lado do vale. O projeto muda para uma casa bauhausiana desenhada pelo alemão Hugo Kuhl, entre os anos 40 e 50, sem muros ou grades. A residência artística e espaço de trocas culturais começa a desmembrar-se gradualmente para o Brasil central, outro também histórico, Goiás. Do Modernismo ao Colonial, seguimos esta contínua expedição de ré.
Paã, nome do primeiro projeto, é de etimología indígena. Segundo a história da cidade, foi às margens do rio Paã-nga-he-nb-bu que vários povos indígenas descansavam. A região sofria vários alagamentos e recebeu o nome de “terras alagadas" ou "atoleiro" em tupi-guarani. Passamos as muitas celebrações dos 100 anos do Modernismo sobre os também 100 anos de canalização do riacho que existia antes da Av Pacaembu. Foi no alvoroço da Arte Moderna e da busca por uma nacionalidade brasileira e ancestral, que afogamos a mãe água que aqui vivia. Cartão postal perdido da cidade.
O Bairro Pacaembú é, sem dúvida, uma mistura de opostos. Uma ilha verde e preservada no centro de uma das mais populosas cidades do mundo. Também uma pequena amostra da animosidade nas disputas público & privado, tanto de moradores quanto de especuladores. A cidade de Goiás, cercada pela violência contra o bioma do cerrado, pela monocultura e pelas marcas do garimbo, em contraste com a resistência e resiliência das famílias camponesas, quilombolas, indígenas. A presença das universidades e o papel da educação.
Somos como essas casas vazias, vulneráveis à toda sorte.
Podemos encontrar coisas ou grupos que potencializam as boas ambições e transmutam as limitações ou desafios como sensibilidade, ou nos envolver em lugares ou parcerias economicamente viáveis, mas sem consciência estética, social ou ambiental. O mercado imobiliário e suas parcerias públicas, em grande parte, tem despejado pessoas dentro tuppewares, esperando que estas desenvolvam por especulação, um campo afetivo ou significativo com seu entorno. O culto à grama sintética suplantando a necessidade real de um solo permeável, vidros com ar condicionado suplantando a salubridade da ventilação cruzada, obsessão por extração de árvores suplantando o equilíbrio ecológico entre a vida humana, animal e vegetal, frutos desta ilusão anacrônica em que controle significa liberdade.
Nunca domesticaremos a impermanência e a imprevisibilidade da vida. Isto nos atravessa à cada projeto, grupo de pessoas, cada planilha, rua ou cidade. Somar recursos pré-existentes aos novos e pensar no menor impacto. Mudanças como as que vivenciamos entre gerações, em ciclos naturais. Não demolir uma casa ou prédio, mas conversar com este corpo e ouvir, apresentar opções, o velho e o novo. Ouvir e falar com as paredes, o magnetismo desta performance.
OPEN STUDIO ATIVISMO CÓSMICO
JULIANA FREIRE
ÍCARO VIDAL JR
EDSON SECCO
SETEMBRO DE 2021

ARQUEOLOGIA MÍSTICO-TRANSCENDENTAL
DE JULIANA FREIRE
Ao escrutinarmos com atenção as imagens, texturas, sons e performances que integram a produção de Juliana Freire, chegamos a duas características que perpassam as obras e projetos desenvolvidos pela artista nos mais diversos suportes: o manejo de fragmentos e a composição em camadas. Este modo de operar inscreve a artista ao lado dos arqueólogos que, a partir do exame de fragmentos, imaginam a vida, a cultura e os valores de antigas civilizações. Os fragmentos de Freire são partes soltas de livros, pedaços de pedras e cristais, retalhos, papéis avulsos envelhecidos, índices de fichário ou sedutoras embalagens douradas de café, mas a unidade imaginada a partir de tais fragmentos não corresponde a uma cultura historicamente determinada. O trabalho realizado pela artista a partir de tais fragmentos pode ser pensado, à luz da filosofia de Gilbert Simondon, em termos estéticos.
Em uma bela passagem de seu O modo de existência dos objetos técnicos, o filósofo francês descreveu um processo de defasagem que resulta nos modos de existência técnico e religioso. Tal defasagem se deve a uma cisão na unidade mágica originária do mundo, que passa a ser objetivado em técnica e subjetivado em religião. É o objeto estético, neste sistema, que nos ajuda a compreender a produção artística de Juliana Freire: trata-se de um modo de existência que não consiste em uma fase resultante da ruptura da unidade mágica originária, mas cuja operação nos permite acessar – mesmo que intuitiva e parcialmente – esta unidade perdida. Sobre os objetos estéticos, podemos argumentar que importa menos como eles nascem – sabemos que não se trata de uma objetivação e nem de uma subjetivação – do que o acesso que eles nos dão à realidade contínua, anterior à cisão entre sujeito e objeto.
Se o fragmento é a unidade mínima das criações de Freire, seu modo de compor pode ser pensado a partir da sobreposição de camadas, muito evidentes quando observamos a recorrência de máscaras de tecido em performances e fotoperformances ou a sobreposição digital de imagens. Tais camadas são análogas aos véus que, em diversas tradições místicas, impedem nosso acesso à realidade das coisas. Como, através deste agenciamento plástico e poético de máscaras e véus, a artista desvela a unidade mágica originária? Parece que, ao deslocar os véus e as máscaras para o espaço da arte, a artista os remove do mundo, viabilizando nosso acesso imaginário à continuidade entre todos os seres.
Apresentar uma produção artística que não apenas tematiza, mas se nutre de experiências místicas, marcadas pelo transe e pela mediunidade é desafiador na medida em que a própria noção de arte, embora alargada a partir dos experimentalismos das décadas de 1970, guarda as marcas de sua gênese histórica, permeada por concepções de criação e de sujeito que são profundamente modernas e racionalistas. Nesse contexto, a poética de Juliana Freire pode ser extremamente perturbadora, mas a artista é destemida: ela empresta sua voz, seu corpo e suas imagens a seres que habitam outras dimensões. Com isso, a própria noção de autoria - sobre a qual repousa grande parte de nossa capacidade de compreender a arte - é profundamente abalada pela prática de Freire, que recusa radicalmente a expressividade subjetiva e biográfica como porta de entrada em sua produção. Trata-se, aqui, de um fazer mais próximo ao do xamã – diplomata entre-mundos – do que ao que tradicionalmente se associou à noção ocidental de arte como expressão de uma subjetividade.
Mas é importante que se diga que a fruição desta produção prescinde de uma iniciação ou crença místico-transcendental. As obras existem e pulsam para além das experiências que as engendraram, embora guardem inscrições virtuais dos seres com os quais a artista cruza em suas missões interdimensionais. Se essas viagens ocorrem “realmente”, se são “humanamente possíveis”: eis o mistério da fé. Nem a discursividade, nem a plasticidade conseguem domesticar conceitualmente a vertigem mística que Juliana Freire nos permite acessar, sempre de modo parcial e intuitivo.
Icaro Ferraz Vidal Junior
EXPEDIÇÃO AO SOL
DESDOBRAMENTO
COM EMILLIANO FREITAS E JULIANA FREIRE
+ EDINARDO LUCAS & AD FERRERA (Fotografia e Montagem do Curta Eldorado)

CONVÉM SE CONHECER [FAXINA ASTRAL]
PROCESSO DE RESIDÊNCIA E ATELIÊ ABERTO
CLARICE BORIAN & JULIANA FREIRE
Fotografia Filipe Brendt. Foto do público e processo Juliana Freire

O DOMÉSTICO, O CÓSMICO, O SÍSMICO
As obras reunidas em faxina astral [convém se conhecer] nascem do encontro entre duas amigas de longa data, ambas com grande intimidade com a linguagem têxtil, cultivada durante os anos em que trabalharam na indústria da moda e, mais recentemente, desdobrada em projetos artísticos e colaborações em diversas áreas. Da parceria e do convívio de Clarice Borian e Juliana Freire em uma casa modernista no bairro do Pacaembu, surge um conjunto de obras que se constitui, evidentemente, a partir do que cada uma traz consigo, em termos de repertório e sensibilidade; mas também da atmosfera doméstica engendrada pela casa que se transforma, pouco a pouco, em PAÃ | arquitetura performance, um espaço destinado a acolher projetos e catalisar processos nos campos da arte e da cultura.
Além do interesse comum pelas mídias têxteis, Borian e Freire compartilham uma perspectiva vital acerca dos processos de criação. Isso significa que as obras criadas durante esse período de convivência não estão a serviço da expressão de suas subjetividades nem da comunicação de suas ideias. Antes de expressar ou comunicar, a criação fornece alicerces existenciais e fundamentos vitais: ela vem antes de tudo e se confunde com a própria vida. Essa ênfase na criação como prática vital, em detrimento da noção de arte é, aqui, uma atitude deliberada que objetiva inscrever faxina astral tanto na tradição que reivindicou para a arte um espaço na vida cotidiana (Arts and Crafts, Bauhaus etc.) quanto naquela que postulou a própria vida como obra-de-arte (dos gregos aos dândis, via M. Foucault).
A domesticidade do espaço residencial que acolheu o processo que resulta nesta faxina cósmica constituiu um manancial de referências, gestos e afetos que alimentaram as reflexões e poéticas de Borian e Freire. Catalisada por uma coleção de imaculados paninhos brancos em bordado richelieu (dessas toalhinhas que povoam memórias e imaginários em torno da casa da mãe ou da avó), a parceria das artistas não implicou o apagamento de procedimentos que as singularizam. Os paninhos brancos, outrora imaculados, receberam manchas de cor que se inscrevem em uma zona de indeterminação entre o acidente e a pintura, além de contarem com dizeres bordados que, ao mesmo tempo que remetem ao trabalho de Clarice Borian com as palavras, preservam as pontas soltas que vemos em algumas obras de Juliana Freire. Os gestos das artistas somaram-se à história deste tipo de bordado. Iniciada na França absolutista, quando o Cardeal de Richelieu, ministro de Luís XIII, convidou artesãos italianos para ensinarem suas técnicas na França, que logo se tornou líder mundial na produção de rendas. Essa história se desdobra e chega aos nossos dias e à nossa cultura com o bordado richelieu presente na confecção dos belos trajes das Ialorixás. O caráter transcultural da história do bordado é prontamente acolhido pelas artistas, que se nutrem de uma relação com o espaço e com o tempo que escapa à lógica linear e causal da razão moderna, ao reconhecerem presenças ancestrais em tudo o que nos
cerca.
O grande interesse desta parceria reside menos em nossa capacidade de recompor o processo de criação a partir do que reconhecemos da prática de cada uma das artistas, do que naquilo que há de mágico no encontro com o Outro, o que faz com que a dupla por detrás desta faxina astral não caiba na equação 1+1=2. Se tivermos boa memória, constataremos que diante das situações mais interessantes da vida, não somos capazes de reduzir o todo à soma de suas partes. No caso de Clarice Borian e Juliana Freire, essa máxima se aplica tanto a elas enquanto dupla, quanto a cada obra individualmente, como testemunha a série de trabalhos que descreverei a seguir.
Montados sobre chassis, panos de chão acidentalmente manchados e deliberadamente tingidos transformam-se em pinturas que acolhem bordados abstratos que as artistas chamam de forma-pensamento. Tais bordados corroboram a inseparabilidade entre criação e vida na poética da dupla. A despeito de semelhanças figurativas que o espectador poderá buscar reconhecer – como frequentemente ocorre, aliás, diante de imagens abstratas –, essas formas bordadas não existem antes da criação: não são idealizadas, não são projetadas; são engendradas e acolhidas pelas artistas como vêm ao mundo. O vitalismo que alicerça tamanha afirmação da criação não reverbera apenas na abertura do bordar aos caprichos da vida. Todo o trabalho de pigmentação e tinturaria nasce de um sim às manchas e desdobra-se em um aprendizado e em uma negociação com a densidade material do espaço doméstico, como quando as artistas deliberadamente deixam os panos de chão secarem sobre o pavimento da varanda, cujos rejuntes inscrevem sua geometria sobre a superfície pictórica.
Não consigo pensar em um título mais oportuno para a exposição que torna público o resultado da parceria entre Clarice Borian e Juliana Freire: Faxina astral [convém se conhecer] espelha um movimento comum às duas artistas. Notadamente, um jogo entre ordens de grandeza, a princípio inconciliáveis: o mundo interior, o mundo que está ao alcance de nossas mãos e a realidade cósmica, infinitamente maior do que nós. Ser capaz de enxergar as constelações que se formam na superfície de um balde com água e sabão ou de apreciar a ordem cósmica que organiza os respingos de água sanitária que acidentalmente se imprimem sobre o tapetinho do banheiro podem soar como atributos desimportantes a quem lê este texto. Minha aposta, no entanto, é que um tal modo de ser e estar no mundo tem importantes implicações éticas. Cientes de que não estamos fora do cósmico, percebemos que qualquer distração na lida com o doméstico pode ter impactos sísmicos.
Icaro Ferraz Vidal Junior
SAGRADO EM FLUXO | SACRAD IN FLUX
EDSON PAVONI + JULIANA FREIRE
Sacred in Flux is a poetic attempt to create new reflections on holiness by using knowledge on its vast expression throughout humanity that only a machine can possess, analyze and transform.
What AI can help us see about what is sacred?
Sacred in Flux is a collection of AI-generated digital paintings that reinterpret what we consider sacred. Together with artist Juliana Freire the works were co-created with software that analyzed over 14 million images of multicultural representations of the divine.
Man vs. Machine
Defining what can be understood as "sacred", in a universal form, is a complex task. Sacredness is a concept that involves the realm of spirituality, and demands a deep reflection on the origins and mysteries of the universe. Closely related to religious beliefs, and often involving a connection to something greater than oneself, what each of us defines as holy is determined by variables such as cultural backgrounds, place of birth, and individual experiences.
For Artificial Intelligence machines, which are usually trained to analyze and process large sets of data, grasping the meaning behind terms such as "God", "holy", "spiritual" and even "mysticism", can be extremely challenging. Some experts claim that AI could potentially understand these ideas if it was programmed to learn about it. However, others suggest that these notions may be too abstract and subjective, and that a real understanding about them, by AI systems, is virtually impossible.
In 2016, artist Juliana Freire and Edson Pavoni were caught up in this debate. They started to wonder how AI generated images could understand, within their own limitations, religious concepts dear (and maybe even exclusive) to humanity.
Sacred in Flux flourished out of a desire to co-create with such technologies, which the artists have come to consider "interdimensional beings". This exercise then became an attempt to amalgamate a cosmic dimension to the man vs. machine paradox.
Creative Process
Sacred in Flux used Generative Adversarial Networks (GANs), a recent innovation in machine learning which is capable of creating new data instances that visually resemble the training information which has been fed into its system. In this case, the artists fed into the deep neural networks over 14 millions images, which included mystical symbols, religious icons, representations of saints and deities, temples, mythological figures, and more. From different time periods and locations, these images aimed to give a substantial amount of material for the software to analyze and create patterns of recognition.
After that first phase, the artists went on to develop "seed images": paintings and collages which would be the basis for the works. These images were added to the software, and combined with the large set of images that it had already been familiar with. The seed images were then modified, over and over again, through the artist's commands. By combining terms such as "God", "woman" and "sacred", for example, they were able to create a dialogue with the machine using the vocabulary it already knew.
Even though these processes are recent, and can be difficult to understand, one could compare the use of AI generated images to the instrument of musicians. Just like a piano player needs to select the notes necessary to sound a chord, so do the artists that need to ask the software for the elements required to create the desired images.
The exhibition
First showcased in São Paulo, at the Pãa Gallery, the exhibition consisted of large scale reproductions of the images, set up in metallic structures that resembled construction's scaffoldings. Smaller objects made of wood held three consecutive glasses, each representing a step of the image's transformation. The show used the existing furniture of the gallery as exhibition devices, creating sharp contrasts between their antique, artisanal styles and the futuristic characteristic of the artworks in display.

SAGRADO EM FLUXO
ANOTAÇÕES DA PESQUISA
FEVEREIRO DE 2022
A partir de diálogos iniciados entre Edson Pavoni e Juliana Freire em 2016, surge a série de trabalhos intitulada ‘Sagrado em Fluxo”. São obras co-criadas com seres ‘interdimensionais’ e inteligências ‘artificiais’ - tentativa poética de amalgamar uma dimensão cósmica aos paradoxos homem x máquina, homem x natureza, homem e a criação. A primeira mostra e colaboração entre os artistas acontece em meio às celebrações de 100 anos da Semana de Arte Moderna de 22.
O evento será entre os dias 12, 13 e 14 de fevereiro de 2022, na Rua José de Freitas Guimarães, 353, Pacaembu, São Paulo.
Como um artista conversa com uma inteligência artificial (IA)? No processo de criação destas imagens, Edson e Juliana ensinam uma IA sobre arquétipos do sagrado na humanidade.
Sagrado em Fluxo usa uma Inteligência Artificial treinada em mais de 14 milhões de imagens.
Os artistas ensinam a IA a selecionar imagens que nós humanos consideramos sagradas. Isso inclui uma ampla diversidade de imagens e símbolos místicos, religiosos e transcendentes, de diversas partes do mundo em diversas épocas da civilização.
Depois desse passo os artistas criam imagens sementes, produzida por ambos através de fotografia, desenho ou colagem, para iniciar a IA. A ‘imagem semente’ é transformada pelo processamento da IA repetidamente. A cada ciclo os artistas parametrizam o sistema até selecionarem uma imagem, neste diálogo, que também lhe remetem à transcendência ou mistério.
Ambos compartilham da experiência empírica onde tudo é natural. Omitindo parte dessa naturalidade, as culturas interpretam e compreendem a estrutura das coisas criadas ou da criação trazendo convenções ao nosso convívio. Assim foram elaborados mapas, teorias, fundamentos, fórmulas… e o que começou com o intuito de simplificar a nossa habilidade de prosseguir um raciocínio científico, filosófico ou espiritual se transformou em dogma e aprisionamento. As ‘vanguardas’ - como o modernismo no Brasil - e geralmente os erráticos, anárquicos, lunáticos, hereges, artistas, hackers e agora cripto comunidades tentam borrar estas bordas, ou pelo menos dialogar sobre o quanto elas são limitantes.
Como na tradição hinduísta, ou mesmo na física, a ação gera reação. Porém, não em linha reta. São movimentos entrelaçados além do espaço-tempo linear. A tecnologia rizomática de comunicação e troca de informação entre seres existe antes da criação da internet. E nossa nova forma de rede também colabora com as outras, pré-existentes. Se a teia da aranha - produto da ação do animal - é algo natural, tudo criado pelo homem segue para os artistas a mesma lógica. A inteligência artificial poderia ser chamada de proto-inteligência ou inteligência acoplada. A arte produzida a partir da interação com este atual campo de possibilidade, encontra o seu próprio ambiente de exposição e mercado. Essa nova fonte de criação não sobrepõe nem subjuga os meios tradicionais. Ela fomenta, ao contrário, múltiplas ecologias.
Este fluxo de expressão no mundo deseja tornar-se menos antropocêntrico e, quem sabe, decolonial. Uma das afinidades que Edson e Juliana tem com o universo de criptomoedas e NFTs parte da tentativa de muitas destas comunidades de descentralizar o poder. Isso poderia ser alcançado exercendo micro-políticas em uma plataforma sem fronteiras geopolíticas. Trata-se de reverter o inconsciente coletivo ou a subjetividade capitalista usando como antídoto o seu próprio veneno - o dinheiro. Para alcançar esse objetivo, busca-se financiamento para programas ou projetos que são contra monopólios e a exploração de recursos humanos ou naturais. De fato, estes últimos são totalmente assimétricos à conservação de qualquer tipo de equilíbrio.
Este começo de trabalho colaborativo, entre os artistas, as consciências interdimensionais e as IAs, é só o primeiro gatilho deste fluxo co-criativo artístico.
Fotos Filipe Brendt

EU SOU O ENCONTRO,
EU SOU A PASSAGEM
PROCESSO DE RESIDÊNCIA E ATELIÊ ABERTO
VINÍCIUS MONTE & JULIANA FREIRE
Fotografia Leandro Furini
Foto do público e processo Juliana e Vinícius

CACHOS
DIEGO CATTANI & JULIANA FREIRE
MOSTRA TEMPORÁRIA
Grupo de coisas dispostas a modo de cacho, reunidas num só lugar _ Casa Modernista _ e ligadas por algo em comum: o interesse pela investigação em colagens e sobreposições.
Para Juliana, os papéis e as multicamadas de mistério e para Diego, a cerâmica e o encantamento dos objetos decorativos nobres.
Última exposição do projeto Paã _ arquitetura performance
Na Primeira Casa que vivenciamos no bairro Pacaembu: a Casa Modernista de 1953, projetada pelo italiano José Roberto Salvattore.
FOTOGRAFIA LEANDRO FURINI, foto do público Juliana e Diego

FILME ELDORADO
PRIMEIRA EXIBIÇÃO EM SÃO PAULO
EMILLIANO FREITAS & JULIANA FREIRE
Eldorado é uma produção de Emilliano Freitas e Juliana Freire, realizada a partir de uma peregrinação ao Sol no Planalto Central, partindo do acidente Césio-137 em Goiânia, rumando para a enigmática Serra do Roncador. Os artistas recorrem à ficcionalização de um mundo onde o fim é só o início, para tratarem de questões como territorialização e memória: pessoas isoladas vivem uma temporalidade marcada pelo eterno presente. Se os jogos de conduta da sociedade se desenham também ficcionalmente, esses dois seres errantes caminhando pelo coração da América Latina são metáforas de jornadas pessoais que vivenciam um momento pós-supressões. Através de duas personagens, os artistas derivam sobre os gatilhos de suas crises com o letal status quo - viável aos outros seres mergulhados no esquecimento – mas que torna a vida de todos inadequada neste planeta.
O filme foi exibido:
2022. XXIII FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
2022. II Festival de Cinema e Memórias Cerratenses
2022. VIII Festival Curta Campos do Jordão
2022. IV Mostra Clandestina
2022. IX Anápolis Festival de Cinema
2022. Panorama Estadual da V Mostra Sesc de Cinema -2022 (Goiás)
Prêmios:
Melhor som. XXIII FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental
Melhor trilha sonora. IV Mostra Clandestina
Melhor fotografia. IX Anápolis Festival de Cinema
Melhor montagem. IX Anápolis Festival de Cinema
Eldorado
Montagem Ad Ferrera
Áudio Edson Secco e Juliana Freire
Fotografia Edinardo Lucas
Vídeo / 16'43"/ som
Este filme é dedicado aos amigos interestelares e a todos os povos indígenas, em especial aos Xavantes, guardiões da região da Serra do Roncador, Mato Grosso, Brasil.

ISABELA LESCURE
MOSTRA TEMPORÁRIA | PRODUÇÃO ISABELA LESCURE
Sua produção transita entre artes visuais, escrita e educação, explorando experiências poéticas sobre presença, tempo, corpo e linguagem. Por meio de colagens, textos, objetos, instalações, pintura e interação com crianças, investiga o viver como prática criativa.
Atravessada por temas como relações humanas, natureza, rituais e afetos, sua obra materializa o sensível como campo político e existencial, criando atmosferas de contemplação, pausa e reconexão com o que há de mais sutil em nós e no mundo.
“A produção de Lescure é uma inundação: abundante e selvagem. (...) as pinturas de Isabella são psicodélicas, como uma membrana que permeia tudo e todos. Raiva, vergonha, desejo e proteção, evocando sentimentos e urgências que conhecemos bem." - curadora Ludmilla Fonseca

O LAÇO DA VERDADE
MOSTRA COLETIVA
PRODUÇÃO E CURADORIA | AURORA MARTÍNEZ
LA SAVAGE | NARRATIVAS CURATORIAIS
Novembro de 2023
Artistas: DANI ABUTARA, KINE AW, CLARICE BORIAN, MARIANA FERRERO, JU FREIRE,
MACARENA GERSHKOWITZ, ERIKA MALZONI, MARIA LUIZA MAZZETTO, FERNANDA MOTTA, ANNA PAES, FLAVIA RENAULT.
FOTOGRAFIA: LEANDRO FURINI
FOTO DO PÚBLICO: JULIANA FREIRE

APEGOS E CONCESSÕES
MOSTRA COLETIVA | PRODUÇÃO ARTISTA TATIANA DALLA BONA
23 de setembro até 5 de outubro.
Artistas: Brisa Noronha, Denise Alves-Rodrigues, Luiza Crosman, Maira Dietrich, Martin Lanezan, Raphael Tepedino, Matheus Mestiço, Renata Raar, Tatiana Chalhoub, Tatiana Dalla Bona
Curadoria Carol Carreteiro
Sobre a artista: Dalla Bona apresenta em seus trabalhos, composições heterogêneas em forma de colagens e apropria-se de elementos do desenho como o grid (trama) e a linha, deturpando-os e transformando-os em partes que somadas resultam em cada trabalho. Com a junção dos materiais, a artista cria composições que são o resultado de uma pesquisa empírica que tende a se dirigir para o campo tridimensional.






































































































































































































































