PERFORMANCE CCBB sp . oficina
CURADORIA MARCIO HARUM
JULIANA FREIRE E AMANDA MELO

A ação performática com a artista Amanda Melo foi realizada no dia 08 de março de 2020, pouco antes da pandemia.
Deserto é Nascente foi um projeto colaborativo com os transeuntes do Centro Histórico de São Paulo e o público da imensa fila formada para a visitação da mostra "Egito Antigo: Do Cotidiano à Eternidade" que reuniu 140 artefatos do Museu Egípcio de Turim, incluindo uma múmia humana, sarcófagos e objetos cotidianos, para apresentar a vida, a religião e as crenças funerárias do Egito Antigo. Ação em 3 atos:
- caminhada coletiva dentro de um dispositivo performático, 33 camisetas brancas costuradas umas às outras;
- servir à todos na rua chá de clitória, líquido de cor roxa vibrante;
- distribuição de bombas de semente de clitória para o público.
As artistas Amanda Melo da Mota e Juliana Freire apresentam a ‘Ação Sintrópica | Deserto é Nascente’ no dia Internacional da Mulher no CCBB de São Paulo, cruzando relações entre os conhecimentos ancestrais femininos de integracão com a natureza e homenageando a artista Lygia Pape - partindo de duas de suas obras icônicas : “Roda dos Prazeres” (1967) e “Divisor” (1968).
Amanda é uma pesquisadora de ervas e curas, e traz para a ação a espécie vegetal Clitoria Ternatea, comumente conhecida como ervilha azul. A cor azul nesta ação traz o feminino como alimento, como nutrição, aquilo que mata a sede. É servido ao público um chá da flor, em uma cuia desenvolvida especialmente para a performance pelas artistas. Juliana traz uma peça de vestimenta branca chamada 'Teia': 33 camisetas brancas emendadas entre si, integrando o público em um 'corpo único'.
Em uma oficina, convidam o público a realizar suas próprias bombas de sementes da planta e que podem ser levadas para casa ou deixadas para serem utilizadas na segunda parte da ação. Mais tarde, o grupo espontâneo veste a enorme camiseta coletiva e todas as mulheres presentes são convidadas a participar. Elas recebem em uma mão a cuia de cerâmica com o chá da flor de ervilha azl e na outra bombas de sementes a serem lançadas na área permeável do Pátio do Colégio.
A proposta é uma ação poética de relacionamento com o feminino e uma livre investigação do quanto estes corpos foram suprimidos ou ocultados. A mulher ocupando o lugar de ação, de fala e de cultivo, criando assim a percepção-concepção do próprio corpo-signo à partir de suas vivências e sentidos. A ação também liga um espaço artístico à um espaço histórico - o marco zero - e se abre à novas camadas de contágio com o corpo urbano, o momento, o público participante e os que assistem à ação.
O chá, durante a caminhada, vai ao mesmo tempo tingindo a vestimenta coletiva de azul e sendo ingerido por suas participantes, que no final da performance jogam as bombas de semente ao redor do Pátio do Colégio, fecundando o solo.
Ação Sintrópica - é a primeira de um grupo de obras coletivas que as artistas começam a desenvolver, processo de investigação iniciado durante a residência artística Rizoma, em São Paulo. São ações em múltiplos suportes que evocam a reconciliação com o funcionamento da vida, em sentido ampliado e abundante. O termo sintropia, contrário de entropia, foi cunhado pelo pesquisador e geneticista Ernest Götsch. Nomeia seu trabalho como Agricultura Sintrópica, que respeita as dinâmicas sistêmicas da natureza, ampliando seus conceitos a um jeito de viver e pensar.
DESERTO É NASCENTE nasce através da performance e da troca, ampliando possibilidades de pertencimento na coletividade, na arte, na cura, na política e meio ambiente.
Ação Performática proposta pelas artistas Amanda Melo da Mota e Juliana Freire, especialmente desenvolvida para a programação do CCBB SP
Itinerário : Oficina com o vegetal em mesas / cavaletes montadas na rua. Depois caminhamos da porta de entrada principal do CCBB, passando pela Rua da Quitanda, Rua Quinze de Novembro até a Praça Padre Manuel da Nóbrega.
Local: CCBB, R. Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico de São Paulo - SP, 01012-000.
Amanda Melo da Mota - Artista, nasceu em São Lourenço da Mata, Pernambuco, em 1978. É graduada no curso de Educação Artística da Universidade Federal de Pernambuco e pós graduada em Pedagogia Sistêmica pela Cudec/Innovare. Destacam-se suas exposições individuais na FUNDAJ (PE) em 2002 e em 2005, da mesma instituição. Em 2007, individual no instituto Banco Real. Entre as exposições coletivas destaca-se o Projeto Rumos de Artes Visuais edição 2005/2006. Neste mesmo ano, recebe o prêmio Projéteis de arte contemporânea e em 2008 recebe prêmio do programa Bolsa Pampulha (MG). Em 2009 é premiada no 47o Salão de Artes de Pernambuco. Em 2010, programa expositivo do CCSP. Em 2011, realiza individuais Água Viva no centro Cultural Banco do Nordeste(CE) e 32 Panorama da Arte Brasileira e da exposição “Os Primeiros Dez Anos” do Instituto Tomie Ohtake em São Paulo. Em 2012 destacam-se a exposição Novas Aquisições do MAM do Rio e Metrô de Superfície no Paço das Artes(SP). Em 2013 participa do 33 panorama da Arte Brasileira. Em 2015 participa de residência artística na Sanskriti Foundation a convite do Itamaraty. Em 2016 participa de exposição coletiva no Getty Center em Los Angeles. Em 2019 participa da Bienal de Curitiba com uma individual no Coletivo Elza em Florianópolis, entre outras.

























